terça-feira, 24 de março de 2009

Camelô

Qualquer cabelo que encoste no pescoço em dia de calor incomoda.
Foi numa dessas que acabei parando em um camelô e pedi:
_ Moça, tem aquela pregadeira de cabelo?
_ Piranha, né? Tem sim, peraí... Tem umas que mudam de cor, serve?
_ Ahan
Acabei comprando. A crise não chegou nos camelôs ainda e a bicha continua custando a bagatela de 50 cents. Com o suor querendo passear pelo corpo, prendi logo o cabelo que, como sempre, não ficou bom de primeira. Na tentativa de melhorar, tentei tirar a pregadeira do cabelo mas era tarde demais. Aquela coisa se entranhou em meu cabelo e não quis sair. Durante horas aquele objeto barato não desgrudou da minha cabeça. Atrapalhava todo e qualquer movimento com o cabelo, doia e ainda por cima começou a se achar dono da minha cabeça. Durante aquelas longas horas prá mim e poucas para a pregadeira, a mesma começou a querer fazer contato. SUSTO. Objetos não falam ou pelo menos não deveriam. Resolvi me render. Afinal, ela estava lá né? Descobri que ele, o objeto barato, era filósofo. Não por formação mas por se sentir assim. Meio filósofo, meio mãe Dinah. E por estar presa naquela parte bem atrás da orelha, sentia-se tentada a vomitar besteiras em meu ouvido e tentar deduzir a minha personalidade. O tempo que levou morando nesse emaranhado procriou e tudo. Situação chata, incômoda e no mínimo, estranha. O odor do vômito já chegava ao nariz e era perceptível a terceiros, quartos e banheiros. Num ato simples, consegui arrancar aquilo de mim sem a dor que o verbo traz.

Mas sabe que até hoje eu acho que ainda ficou um dente quebrado dela por aqui?

3 comentários:

Anônimo disse...

U A U ... so falando assim.

Bárbara disse...

piranha que pensa que é namorado...peixes sem senso me divertem!

Anônimo disse...

Hum... até parece. Quem não conhece até consegue acreditar.