domingo, 25 de abril de 2010

O talento dos outros

A vida acadêmica é uma chatice. É desumano pedir para um adolescente de 16, 17 anos escolher a carreira que ele vai seguir para toda a vida, pior ainda é a pressão para terminar a faculdade e fazer uma pós, um mestrado, um doutorado, ter uma carreira. Pense em falar que escolheu a carreira errada? Morte na certa. "Não é o que você quer para a sua vida, mas pelo menos se forma, né?".

Meu primeiro vestibular foi pra Biologia #fail total. Quer dizer, eu quase passei na Unirio, que era onde eu realmente queria estudar, mas quase não significa passei. Mais um ano de cursinho, escolhi letras. Sempre amei o inglês e tudo que envolver a língua, de verdade, mas eu tenho PAVOR, PÂNICO, de português. Todas aquelas regras que eu não aprendo nem com reza forte (que não são tão regras assim, já que consideramos Bechara, Celso Cunha e Azeredo e TUDO depende). Mas escolhi letras mesmo assim, resolvi encarar meu ódio pelo português normativo com o amor pelo inglês.

Meu sonho? UFRJ. Passeeeeeeeeeei! Um longo semestre de desilusão pura e crua. Que horror a faculdade de Letras de lá. As pessoas eram o máximo, o curso, uma droga. Tranquei e nunca mais pensei em voltar. Esqueci de dizer que também fiz Produção Cultural na IFRJ, mas foi só uma semana pq a estrutura era muito ruim e aí eu larguei também (se fosse na UFF, tvz eu teria continuado). Essa eu nem tranquei, larguei e fim. A faculdade era em Nilópolis, ou seja, inviável. Aí me lembrei da minha matrícula na UERJ e fui pra lá.

O curso de letras da UERJ dá de um milhão no da UFRJ, isso é fato incontestável. No começo tudo lindo e maravilhoso, eu amando tudo (menos português e linguística, por razões óbvias) e levando numa boa. Semestre seguinte comecei a não gostar tanto, a achar tudo uma chatice de novo, mas não tão chatice quanto na UFRJ. Hoje estou odiando o curso de letras e gostando somente de algumas aulas de inglês, o resto estou empurrando TUDO com a barriga, com o único desejo de me formar. Se eu escolhesse hoje a minha carreira, escolheria Psicologia, Artes ou Figurino, que são cursos que são MUITO mais a minha cara.

Nos cursinhos pré, os cursos alternativos não são divulgados e adolescentes, como eu era, não tem a menor idéia das carreiras disponíveis. O foco é sempre o mesmo: engenharia, direito e medicina, com pequenas variações. Eu tenho uma leve inveja de pessoas talentosas que são realizadas na escolha dos seus cursos, profissões e/ou tem um tino monstro para ganhar dinheiro. Gosto de patrões que confiam mais na pessoa do que no diploma que ela carrega e admiro quem descobre que não gosta do que faz e tem peito para mudar. O que, pelo visto, não é o meu caso.

Agora estou aqui ouvindo Cat Power, curtindo uma deprê pré trabalho que não sai de jeito nenhum.

Cada um no seu quadrado, mas como esse quadrado aqui é meu, eu falo o que eu quiser ; )

Um comentário:

semdrama disse...

Muito bom, parece que estou te ouvindo falar, muito autentico.

parabens, e meus pêsames pelo curso de letras...rsrs